PORTO MAUA REALIZA SEMINÁRIO SOBRE BARRAGENS COM O MAB E ELETROBRAS
Nesta
manhã, dia 11 de abril de 2013, às 10 horas, iniciou em Porto Mauá,
junto ao pavilhão da Festa dos Navegantes, às margens do rio Uruguai,
seminário sobre barragens, para informar a população sobre o plano de
construção das barragens Garabi e Panambi. O evento foi promovido pelo
MAB – Movimento de Atingidos por Barragens, Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil e a Diocese de Santo Ângelo, com apoio da
Prefeitura Municipal de Porto Mauá.
Mais
de mil pessoas estiveram presentes, representando municípios como:
Alecrim, Crissiumal, Dr. Maurício Cardoso, Garruchos, Itapiranga e
Mondaí / SC, Novo Machado, Pirapó, Porto Lucena, Porto Mauá, Porto Vera
Cruz, Porto Xavier, Santa Rosa, Santo Ângelo, São Miguel das Missões,
São Nicolau, Vitória das Missões, entre outros.
Estiveram
palestrando Gilberto Cervinski, do MAB de São Paulo e o prof. Domingos
de Carvalho Villela Júnior, da Fundação Educacional Machado de Assis
(FEMA).
Segundo
Gilberto, é uma ilusão a geração de empregos que as barragens
proporcionarão, pois são empregos temporários, apenas durante a
construção, ou seja, em torno de quatro anos, questionou quantos
empregos permanentes deixarão de existir após a conclusão das barragens.
Que as leis são para proteger os ricos e não para os trabalhadores. Que
os valores dos royaties não suprirão a quantia de dinheiro que as áreas
alagadas deixarão de produzir, que os municípios receberão apenas em
torno de R$ 50.000,00 mensal para compensar as perdas. Que há
perseguição aos pescadores, com apreensão de materiais de pesca para que
estes desistam desta atividade para não haver a necessidade de
indenizações. Que as empresas intimidam os proprietários, dizendo que se
não aceitarem a proposta deles que os proprietários devam entrar na
justiça para requerer os seus direitos e que a empresa irá efetuar o
depósito judicial do valor propositado.
Segundo
Domingos, o que menos valem são as pessoas para estes mega
investimentos. Que os proprietários deverão sacrificar a produção de sua
propriedade em prol do progresso. Questionou por que não existe fomento
à produção de energia alternativa. Que nunca deverá aceitar uma
negociação individual.
Posteriormente,
foram realizados manifestações do público, onde uma pessoa questionou
onde estaria o IBAMA nestas horas para proteger a natureza, que as
pessoas muitas vezes não conseguem derrubar uma só árvore e nestes
empreendimentos são destruídos milhões delas.
À
tarde, houve continuidade do seminário, com Informações da Eletrobrás
sobre o Plano de Construção das barragens Garabi e Panambi, sendo das
13h30min às 14 horas: formação de mesa com autoridades e representantes
de entidades / movimentos sociais do Brasil e Argentina, das 14 às 16
horas: informações de debate sobre o Complexo Binacional Garabi /
Panambi, com Gilberto Cervinski - Coordenador Nacional do MAB, Arlete
Nunes e Daniela Soares da Eletrobrás, Raul Aramendy - professor da
Universidade de Posadas / Argentina, representante da Secretaria Geral
da Presidência e representante do Grupo de Trabalho Garabi / Panambi –
Governo do Estado do RS, das 16 às 17 horas tribuna livre, e às 17 horas
o encerramento.
Pelo
período da tarde, mais de 1500 pessoas se fizeram presentes, dentre
estes, os prefeitos de Dr. Maurício Cardoso, Novo Machado, Porto Vera
Cruz, Porto Mauá e de Mondaí – SC. Os deputados federais Elvino Boh Gáss
e Dionísio Marcon, e o deputado estadual Jeferson Fernandes.
Raul Aramendy é contrário às obras, pela legislação da Argentina há
necessidade da realização de um plebiscito, não se deve tocar no rio
Uruguai, informou ainda que um cientista brasileiro declarou que as
barragens colaboram com o aquecimento global da terra.
Dionisio Marcon no seu pronunciamento manifestou-se contrário a obras
de barragens, como conviveu com a situação de atingido por barragem sabe
dos reais problemas que uma obra desta causa à população.
Jeferson
Fernandes no seu discurso questionou como fazer política para manter o
homem no campo se as barragens expulsam as pessoas do meio rural para as
cidades.
Bom Gáss acha
que temos diversas alternativas de produzir energia sem destruir a
natureza, que o povo precisa saber as informações sobre os
empreendimentos e que a sociedade deveria ser ouvida através de
plebiscito para saber a opinião do povo.
Lenoir da Rocha, prefeito de Mondaí – SC, manifestou contrariedade às
obras, relatou as experiências presenciadas em locais onde houve
construções de barragens, por isso se deslocou de Santa Catarina para
alertar a população sobre os problemas ambientais e sóciais causados
pelas barragens, que não existe progresso / desenvolvimento nos
municípios pós-barragens.
O
prefeito de Porto Mauá, Guerino Pedro Pisoni, destacou a importância da
união da população em torno a esta questão e da necessidade de buscar
informações consistentes que contribuem para o conhecimento e a formação
de opinião que produzem um debate de qualidade, pois todos são
responsáveis.
Um
representante indígena guarani de São Miguel das Missões resaltou que os
índios também sofrem com estas obras, com as ações dos governos, que
nunca são consultados para nada e nem são indenizados, que eles também
querem participar, que estão juntos na luta contra as barragens e que
são contrários a destruição da natureza.
Após os discursos, houve espaço para o debate, onde a população
presente teve oportunidade de esclarecer dúvidas relacionadas a
construção das barragens, dúvidas estas esclarecidas pela representante
Arlete da Eletrobrás. Não soube informar se há indenização para os
pescadores e não respondeu se o IBAMA já impediu alguma obra de
barragem.
Para finalizar, o
MAB propôs um desafio, de realizar plebiscito popular para ver se o
povo quer ou não a execução destas obras, solicitou também a
participação da população regional no Encontro Nacional do MAB, que
acontece nos dias 3 a 7 de junho de 2013, em São Paulo.
Texto e foto: Vilson Winkler
VILSON WINKLER
Jornalista MTB 14977
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